<MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=15 mm><LF=164 mm><AF=259 mm><FIOH=2 pt><MF=27 mm><PF=40 mm><LF=164 mm>ATA DA DÉCIMA NONA REUNIÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA COMISSÃO REPRESENTATIVA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 24.07.1997.

 


Aos vinte e quatro dias do mês de julho do ano de mil novecentos e noventa e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às nove horas e trinta minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Carlos Garcia, Clovis Ilgenfritz, Eliseu Sabino, Fernando Záchia, Gerson Almeida, Guilherme Barbosa, João Dib, Juarez Pinheiro, Maria do Rosário e Paulo Brum, Titulares, e Cyro Martini, Não Titular. Ainda, durante a presente Reunião, compareceram os Vereadores Anamaria Negroni, Titular, e João Motta e Luiz Braz, Não Titulares. Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos da Ata da Décima Sétima Reunião Ordinária, que deixou de ser votada face à inexistência de "quorum" deliberativo. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nº 325 e 331/97, do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre; 238/97, do Senhor Arno Hugo Augustin Filho, Secretário Municipal da Fazenda; 96/97, do Sindicato dos Servidores da Caixa Econômica Estadual do Rio Grande do Sul - SINDICAIXA; 350/97, do Desembargador Adroaldo Furtado Fabrício, Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul; 1171, 1173, 1175, 1177, 1179, 1181, 1183 e 1185/97, do Senhor Gilberto Mussi, Chefe da Casa Civil Adjunto/RS; Convites: da Secretaria do Tesouro Nacional e do Serviço Federal de Processamento de Dados, para a cerimônia de lançamento do Manual SIAFI; da Sociedade Brasileira dos Cirurgiões Dentistas - SOBRACID e da Coordenação do 5º Congresso Latino-Americano - 5ª COLA, para a solenidade de abertura do 5º COLA; da Prefeitura Municipal de Porto Alegre e do Conselho do Orçamento Participativo, para a posse dos novos Conselheiros - Gestão 97/98; do Senhor Hugo Mardini, Diretor-Presidente da Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos - FDRH, para a cerimônia de inauguração das novas instalações do Centro de Treinamento de Informática; Fax: da Senhora Clemi Guindani Gonçalves, Secretária da Escola Superior de Direito Municipal - ESDM, convidando para o Curso de Processo Legislativo; do Senhor Adão Dornelles Faraco, Diretor Regional da Associação Nacional de Transportes Públicos Regional Rio Grande do Sul - ANTP/RS, convidando para a 2ª Reunião Fórum de Secretários de Transportes do Rio Grande do Sul; Impresso da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, enviando prospecto sobre o Orçamento Participativo - 2ª Rodada/98; Telegrama do Senhor Milton Seligman, Ministro da Justiça Interino. Após, o Senhor Presidente parabenizou-se com o Vereador João Dib pelo seu aniversário e registrou  o  transcurso, ontem, do  aniversário  do  Vereador Lauro Hagemann. Também, registrou que comparecerá, hoje, à solenidade de inauguração  do  Strip  Center Jardim do Sol, da Incorporadora do Engenheiro Nelson Maltz. Em COMUNICAÇÃO <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>DE LÍDER, o Vereador João Dib procedeu à leitura do artigo "O falso fantasma", de  autoria do Desembargador Sérgio Gischkow Pereira, no qual é questionada a forma como tem sido atribuído ao funcionalismo público a responsabilidade pelos problemas financeiros estatais. A seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA e foram aprovadas as Indicações nºs 48, 53, 56, 61, 62, 65 e 74/97. Ainda, foi aprovado o Requerimento nº 169/97 (Processo nº 2283/97 - Moção de Apoio ao "Projeto Pescar", da Escola Técnica Viação Teresópolis Cavalhada), de autoria do Vereador João Dib. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Adeli Sell discorreu sobre o projeto "Guaíba Vive", comentando o trabalho efetuado pela Administração Municipal na busca da recuperação e balneabilidade desse rio. Apoiou a busca de alternativas para a transferência dos moradores da Vila Campos do Cristal para outras áreas que não a Vila Nova. Ainda, defendeu a transformação de Porto Alegre em ponto de convergência de todas as rotas turísticas do Estado. O Vereador Carlos Garcia declarou-se contrário à transferência dos moradores da Vila Campos do Cristal para áreas da Vila Nova. Solicitou estudos da Secretaria Municipal dos Transportes visando melhorar o trânsito próximo à Associação Atlética Banco do Brasil e à Associação da Caixa Econômica Federal. Também, solicitou apoio para que sejam solucionados problemas de espaço e manutenção observados no Cemitério Municipal São João. O Vereador Fernando Záchia teceu considerações acerca da possibilidade de transferência dos moradores da Vila Campos do Cristal para áreas da Vila Nova, destacando a importância da Vila Nova como zona hortifrutigranjeira, situação que deve ser mantida quando da mudança do Plano Diretor da Cidade. Ainda, teceu comentários sobre artigo publicado no Boletim "Porto Alegre Agora", referente aos campos de futebol de várzea da Cidade. O Vereador João Dib reportou-se a declarações do Secretário Estilac Xavier, acerca da recuperação de obras de arte da Cidade, lembrando o tratamento dado a essas obras durante administrações anteriores. Indagou sobre o pagamento dos servidores da Companhia Carris Porto-Alegrense que se encontram à disposição da Prefeitura Municipal e questionou notícias veiculadas pelo Boletim "Porto Alegre Agora", relativas ao trabalho do PT à frente do Executivo Municipal. O Vereador Juarez Pinheiro discorreu sobre a atuação do PT no Governo Municipal e criticou o encaminhamento, à Assembléia Legislativa, pelo Governador Antônio Britto, de projeto de venda total da Companhia Riograndense de Telecomunicações. Lamentou a maneira como questões primordiais vêm sendo tratadas pelos meios de comunicação, analisando o atual panorama político-econômico da sociedade mundial. A Vereadora Maria do Rosário apoiou os movimentos empreendidos pelo magistério estadual e pelas polícias civil e militar na busca de melhores condições salariais e de trabalho. Criticou posições do Governo Estadual com relação a esses movimentos e atitudes por  ele  assumidas  no  referente ao processo de privatizações hoje em andamento no País. O Vereador Cyro Martini, declarando que o propósito do Governo Estadual ao privatizar o Departamento Estadual de Trânsito " não foi o de encontrar soluções para os problemas da área", posicionou-se contrariamente <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>a tal privatização. Finalizando, lamentou o tratamento dispensado ao funcionalismo público pelos Governos Estadual e Federal, salientando a imagem negativa construída pela imprensa acerca desses trabalhadores. O Vereador Luiz Braz reportou-se aos pronunciamentos hoje aqui efetuados  pelos  Vereadores  integrantes  da Bancada do PT, afirmando que as preocupações básicas dos mesmos referem-se aos Governos Estadual e Federal, dos quais são criticadas atitudes muitas vezes similares às observadas junto ao Governo Municipal. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Gerson Almeida, registrando ter o Governador Antônio Britto, quando candidato ao Governo Estadual, afirmado que não iria privatizar a Companhia Riograndense de Telecomunicações e a Companhia Estadual de Energia Elétrica, questionou as privatizações que vêm sendo observadas nessas Empresas, defendendo a ampla mobilização popular contra tal situação. O Vereador Luiz Braz, questionou o pronunciamento do Vereador Gerson Almeida, declarando, contudo, que os métodos utilizados pelo Governo Estadual a fim de viabilizar a privatização da Companhia Riograndense de Telecomunicações foram antidemocráticos. Ainda, ressaltou a necessidade de uma ampla discussão sobre questões referentes a Porto Alegre, como forma de garantir a democracia no Município. Em COMUNICAÇÕES, a Vereadora Anamaria Negroni lamentou incidentes ocorridos na Assembléia Legislativa, cujo Plenário foi invadido por populares quando da votação de projetos do Governo do Estado. Ainda, teceu considerações acerca do movimento dos municipários em busca do cumprimento da política salarial da categoria. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, a Vereadora Anamaria Negroni deu continuidade ao seu pronunciamento em Comunicações, discorrendo sobre a situação enfrentada pelos policiais civis e militares do Estado. Também, chamou a atenção para os problemas verificados nas vilas carentes de Porto Alegre, principalmente em relação ao atendimento médico nos postos de saúde. A seguir, o Senhor Presidente registrou a presença do Senhor Raul Carrion e da Senhora Léia Ortiz, coordenadores do Seminário Internacional "Globalização, Neoliberalismo, Privatização: quem decide este jogo?", convidando-os a integrar a Mesa dos trabalhos, e concedeu a palavra ao Senhor Raul Carrion, que teceu considerações acerca dos assuntos debatidos no referido Seminário. Ainda, o Senhor Presidente registrou as presenças de Comitiva de participantes desse Seminário, integrada pelo Economista Professor José Cademartori, Presidente do Instituto Alexandre Lipsch e ex-Ministro de Economia do Chile, do Senhor Miguel Soliz, Presidente Nacional da Confederação dos Trabalhadores da Construção Civil e membro da Central Única dos Trabalhadores do Chile, do Professor Doutor Ignácio Soza, da Universidade Nacional Autônoma do México, do Economista  Roberto  Feletti, do  Instituto  de Estudos  sobre  Estado  e  Participação - IDEC e da Central dos Trabalhadores da Argentina. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Vereador Guilherme Barbosa que, em nome da Casa, saudou os visitantes. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra ao Economista José Cademartori, que registrou sua satisfação pela oportunidade de conhecer Porto Alegre e trocar experiências relativas à busca da maior participação <MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=12 mm><LF=164 mm><AF=261 mm>popular e da concretização da democracia na América Latina. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Vereadora Anamaria Negroni que, em nome da Bancada do PSDB, saudou os participantes do Seminário Internacional "Globalização, Neoliberalismo, Privatizações: quem decide esse jogo?", questionando, contudo, a linha política que orienta as discussões integrantes desse Seminário. Às doze horas e seis minutos, os trabalhos foram suspensos, nos termos regimentais. Às doze horas e nove minutos, constatada a inexistência de "quorum" para a reabertura dos trabalhos, o Senhor Presidente declarou encerrada a Reunião, convocando os Senhores Vereadores para a Reunião Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Clovis Ilgenfritz e Paulo Brum e secretariados pelos Vereadores Paulo Brum e Guilherme Barbosa. Do que eu, Paulo Brum, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 

 


O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Nesse belo gesto de confraternização, a Mesa Diretora, os Vereadores e, tenho certeza,  todos os funcionários da Casa desejam muitas felicidades ao nosso aniversariante de hoje, Ver. João Dib.  É importante para nós, pois o decano está cada vez mais jovem, disputando esta posição de mais jovem com o Vereador que ontem completou mais um ano, o Ver. Lauro Hagemann.

Em nome da Mesa, além do cartão, que já enviamos, que conste que ontem foi o aniversário do Ver. Lauro Hagemann e que os dois Vereadores estão sendo homenageados hoje, carinhosamente, pelos presentes, que representam toda a nossa comunidade, com certeza.

Na condição de Presidente da Casa, fui convidado, e insistentemente convidado, e com muito prazer vou comparecer à inauguração do Strip Center Jardim do Sol, um empreendimento que já dura 25 anos, da Incorporadora do Engenheiro Nelson Maltz, que veio à Câmara e fez questão de convidar esta Casa, através da Mesa Diretora, para estar presente no evento de inauguração. Terei de retirar-me em representação.

Há outro aspecto: que estava pensando em passar ao Ver. Guilherme Barbosa, uma vez que estou participando do Seminário Internacional sobre globalização, neoliberalismo e privatizações. Estiveram lá presentes, além de mim, o Ver. Guilherme Barbosa, o Ver. Pedro Américo, o Ver. Antônio Losada e, hoje, pela manhã, esse é que é o detalhe, alguns ilustres convidados desse Seminário estarão visitando a Casa e eu, com receio de não estar de volta, iria pedir ao Ver. Guilherme Barbosa, que precisou sair em função de suas atividades partidárias. Então, deixo aos nobres colegas a indicação de que, por volta de 11 horas, irá chegar aqui uma comitiva, e eu tenho certeza de que quem estiver presidindo, Ver. Paulo Brum, vai tentar me desculpar por eu não estar presente. Esse dado foge ao nosso controle e eu sou obrigado a me dividir neste momento.

 

O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Com a palavra, o Ver. João Dib, Líder do PPB e aniversariante, para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, antes de mais nada, o meu agradecimento pelas manifestações de carinho recebidas aqui. Devo também dizer que aprendi com a minha mãe que a gente não envelhece, acumula juventude, e eu tento fazer isso aprendendo com ela. Portanto, vou, por bastante tempo, pretender incomodar muita gente nesta Cidade.                                                                                                                      

Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há um artigo do jornalista Sérgio Gischkow Pereira, “O Falso Fantasma”. É que nesse País as leis não são muito claras, não são muito precisas, não são muito concisas, muito menos respeitadas. Tudo, de repente, gira em torno de uma lei e a lei que está em voga hoje é a Lei Camata, que ninguém sabe bem exatamente os termos que ela está proposta, ainda que, no momento da edição dessa lei, eu distribuí para todos os Vereadores da legislatura passada uma cópia da mesma e continuo, de vez em quando, distribuindo, e essa lei só entrará em vigor na sua plenitude no dia 1º de janeiro de 1999.

Vou ler, para que os Anais registrem, o artigo de Sérgio Gischkow Pereira, “O Falso Fantasma”: (Lê.)

“Tem sido atribuído ao funcionalismo público, nos últimos tempos, um imerecido e assustador papel fantasmagórico, como se responsável pelos problemas financeiros estatais. Aos poucos se opera o esclarecimento dos fatos e a verdade emerge. Cresce a desconfiança de que, às vezes, possa haver manipulação de dados e, na mesma proporção, aumenta a exigência de informes mais específicos e documentados pelos poderes Executivos, na órbita  federal, estadual e municipal.”

“Lindolfo Machado, com base em informações do Banco Central, mostra que, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, a dívida interna brasileira subiu de R$ 63 bilhões para R$ 193 bilhões.”  Triplicou e mais um pouco.  “A dívida externa foi ampliada de US$ 156 bilhões para US$ 190 bilhões. Ora, os vencimentos do funcionalismo público da União estão congelados desde janeiro de 1995!”

“O governo federal gastou, no exercício de 1996, com o pagamento do funcionalismo civil e militar, incluídos os aposentados, reformados e pensionistas, somente  22,6 % do total das despesas, ao contrário do que apregoam alguns  ministros.”

“Tomemos o exemplo de um Estado da federação. No Rio de Janeiro, a contadora-geral do Estado, ao publicar no Diário Oficial o balanço financeiro e patrimonial relativo ao exercício de 1996, permitiu constatar que a despesa com os funcionários públicos foi na ordem de  31% da despesa total. Será diferente nos outros Estados?”   Eu acho que é diferente, mas a pergunta está muito bem colocada.

“Ademais, a inflação persiste e, não havendo nenhuma reposição inflacionária nos ganhos dos funcionários, fácil concluir que as despesas com estes podem estar declinando.” Aí é um pouco de  desconhecimento aparente da pessoa que faz o artigo, porque há um crescimento vegetativo em razão de triênios, qüinqüênios, adicionais etc. Há um acréscimo.

“Diante de tais números,  imperativa a pergunta: mas, afinal, o que têm a ver os funcionários públicos como o déficit público e com a dívida crescente na esfera estatal? E mais: quais as verdadeiras causas do déficit e do endividamento? E ainda: até que ponto são verídicos os números atinentes ao comprometimento da despesa com os funcionários?

“São questões graves e que não podem permanecer pairando, sobre pena de perda cada vez maior na confiabilidade das informações prestadas pelos poderes Executivos e encampadas pelos setores dos parlamentos que lhes dão apoio. Não pode persistir dificuldade de acesso aos dados correspondentes, muito menos para os outros poderes do Estado. A não ser que se pretenda cultivar o mistério para fomentar o sobrenatural, continuando a acenar com a falsa assombração do funcionalismo.”

É o que acontece na Prefeitura de Porto Alegre também. Os dados de gastos com pessoal são omitidos, camuflados, não são informados e se precisaria considerar, pela Lei Camata, a despesa do Município com pessoal. Considera-se o DEMHAB e o DMLU; por que não o DMAE, que gasta cerca de 30% da sua receita com o seu pessoal? Se fizéssemos esse cálculo, teríamos valores bastante abaixo do que preceitua a Lei Camata que, realmente, é um falso fantasma. Saúde e paz! Obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM   DO   DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 1592/97 - INDICAÇÃO Nº 048/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que sugere ao Senhor Governador do Estado, através da Companhia Estadual de Energia Elétrica - CEEE, a melhoria na rede domiciliar de distribuição, na Vila Safira Nova.

 

Parecer

- da 1ª Comissão Representativa. Relator Ver. João Dib: pela  aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão a Indicação 048/97. (Pausa.) Não havendo quem queira discutir, em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 1625/97 - INDICAÇÃO Nº 053/97, de autoria da Verª Anamaria Negroni, que sugere ao Senhor Governador do Estado, através da Secretaria  Estadual de Turismo, sejam instalados pórticos nas entradas de nossa capital, a exemplo dos demais que serão  colocados nos  municípios  do interior do Rio Grande do Sul.

 

Parecer

- da 1ª Comissão Representativa. Relator Ver. Isaac Ainhorn: pela  aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão a Indicação 053/97. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam como estão. (Pausa.) APROVADA.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 1645/97 - INDICAÇÃO Nº 056/97, de autoria do Ver. Adeli Sell, que sugere ao Excelentíssimo Senhor Presidente da República que, através do órgão competente, institua uma Agência Nacional de Emprego, com a finalidade de realizar um eficiente cadastro de intermediação da mão-de-obra sobre ofertas de vagas de trabalho e de candidatos ao emprego,  no território brasileiro.

 

Parecer

- da 1ª Comissão Representativa. Relatora Verª. Anamaria Negroni: pela  aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão a Indicação 056/97, de autoria do Ver. Adeli Sell. (Pausa.) Não havendo quem queira discutir, em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que estiverem de acordo permaneçam como estão. (Pausa.) APROVADA.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 1813/97 - INDICAÇÃO Nº 061/97, de autoria do Ver. Carlos Garcia, que sugere ao Senhor Governador do Estado, através do órgão competente, seja colocado policiamento na Vila Intercap.

 

Parecer

- da 1ª Comissão Representativa. Relator Ver. Isaac Ainhorn: pela  aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão a Indicação 061/97. (Pausa.) Não havendo quem queira discutir, passamos à votação. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

 

<MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=15 mm><LF=164 mm><AF=257 mm><E><D><D>DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 1814/97 - INDICAÇÃO Nº 062/97, de autoria do Ver. Carlos Garcia, que sugere ao Senhor Governador do Estado, através do órgão competente, seja colocado policiamento permanente em frente à Escola de 1º Grau Nossa Senhora do Brasil.

 

Parecer 

- da 1ª Comissão Representativa.  Relator Ver. João Dib: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão a Indicação 062/97. (Pausa.) Não havendo quem queira discutir, passamos à votação. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 1823/97 - INDICAÇÃO Nº 065/97, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que sugere ao Senhor Governador do Estado, através da Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT), a instalação de um terminal de telefone público na Rua "A" nº 115, na Chácara da Fumaça I.

 

Parecer

- da 1ª Comissão Representativa. Relator Ver. Paulo Brum: pela  aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão a Indicação 065/97. (Pausa.) Não havendo quem queira discutir, passamos à votação. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

<MOLD=2 pt><MF=27 mm><PF=15 mm><LF=164 mm><AF=257 mm><E><D><D>

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 1979/97 - INDICAÇÃO Nº 074/97, de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que sugere ao Senhor Governador do Estado, através da Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT), a instalação de um telefone público, tipo "orelhão", defronte ao nº 1305 da Av. Engº. Francisco Rodolfo Simch, no Núcleo Residencial Presidente Costa e Silva, no Bairro Sarandi.

 

Parecer

- da 1ª Comissão Representativa.  Relator Ver. Eliseu Sabino: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão a Indicação 074/97. (Pausa.) Não havendo quem queira discutir, passamos à votação. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que a aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADA.

Requerimento 169/97,  de autoria do Ver. João Dib, que requer uma Moção de Apoio à iniciativa da Escola Técnica Viação Teresópolis-Cavallhada, que, através do “Projeto Pescar”, vem oferecendo gratuitamente aprendizado profissional a jovens carentes.                                                                 

Em votação. (Pausa.) Não há quem queira encaminhar. Os Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.)  APROVADO. 

Encerramos a Ordem do Dia. Passamos ao período de

 

COMUNICAÇÕES<C>

 

O Ver. Adeli Sell está com a palavra.

 

O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente em exercício, Ver. Paulo Brum, Srs. Vereadores, Sras. Vereadores, Senhores e Senhoras. Porto Alegre, “Cidade Sorriso”.  Tenho em mãos um “folder” da EPATUR, da nossa Empresa Porto-Alegrense de Turismo, da Administração Popular, em três línguas - português, espanhol e italiano -, com belas fotos da nossa Cidade e,  segundo me informa  o  Ver. João Dib,  hoje,  24 de julho, é dia do seu aniversário e o dia em que Porto Alegre, há 224 anos, tornou-se a capital do nosso Estado.

Porto Alegre, “Cidade Sorriso” que,  na minha opinião,  expressa bem o que é a nossa Cidade. A Porto Alegre do “Guaíba vive”, um sonho que a Cidade está transformando em realidade. O “Guaíba vive”,  criado em 1989, pela Administração Popular,  vem gerenciando uma série de ações ligadas a diferentes secretarias e órgãos municipais com objetivo de devolver o rio à Cidade. Desde então, a Prefeitura investiu  67 milhões de dólares do seu Orçamento em obras fundamentais que resultaram na recuperação do Lami, na urbanização de boa parte da orla e que permitem prever um Belém Novo e uma Ipanema novamente balneáveis. Porto Alegre, “Cidade Sorriso”, não sem manchas, porque no exemplar do jornal “Porto Alegre agora” temos uma matéria sobre os moradores de rua, uma triste realidade dos dias de hoje, mas que aqui em Porto Alegre estão recebendo um apoio e um trabalho de reintegração à sociedade através da nossa FESC.

A nossa Cidade nasceu e existe porque o Guaíba vive, e, se depender da Administração de Porto Alegre, o sonho de várias gerações que assistiram à degradação do rio Guaíba vai virar realidade - o de torná-lo cada vez mais balneável e importante na economia do Estado. Desde que iniciou o “Guaíba vive”, como já disse, a  Prefeitura gastou e investiu 67 milhões de dólares de recursos próprios em obras e projetos que visam à limpeza do rio - um programa que já devolveu à Cidade a Praia do Lami e encaminha o saneamento total da Praia de Ipanema.

Porto Alegre é o único Município que investe na recuperação do rio que já proporcionou lazer e sobrevivência à população e que serviu de estrada natural na época da colonização. Foi ele que motivou o surgimento da Cidade que ele embeleza até hoje. Nós podemos fazer muito mais. Podemos transformar o porto de Porto Alegre num novo elemento de desenvolvimento econômico e social para a nossa Cidade para que do nosso porto saiam mais e mais exportações a preços muito mais baratos para outros Estados e para o Exterior. Inclusive, que o porto, planejado para ser construído pelo Governo do Estado para o escoamento dos automóveis da General Motors, seja realizado em Porto Alegre, porque é três vezes mais barato e, segundo alguns, cinco vezes mais barato do que se fosse construído do outro lado do rio, no Município de Eldorado,  Guaíba ou Barra do Ribeiro.

Nós, sem dúvida nenhuma, com todos os investimentos sociais que fizemos em nossa Cidade, temos que reconhecer que temos alguns débitos com a nossa Capital. Falo, especificamente, no débito com o nosso turismo, apesar dos significativos esforços  feitos pela EPATUR, particularmente no último período, com forte empenho dos seus dirigentes para que Porto Alegre seja divulgada pelo Estado afora, pelo País afora e no Exterior, como bem mostra este “folder” agora lançado pela EPATUR, um material primoroso que começa a resgatar um pouco da nossa Porto Alegre, um pouco desta cidade que tem um potencial turístico impressionante. E é do turismo que eu quero, fundamentalmente, falar, porque, em se falando de Porto Alegre, de suas belezas naturais, nós podemos, sim, ao ser divulgada essa Cidade, trazer para cá muitos visitantes. Mas o turismo dessa Cidade não se restringe apenas a um turismo contemplativo, a visitas a lugares bonitos, à natureza. Essa Cidade tem um potencial para trazer para cá seminários, congressos, encontros, foros, como agora nós vivenciaremos, do dia 31 de julho a 03 de agosto, o VII Foro de São Paulo, no qual nós teremos a participação de inúmeros partidos democráticos, populares, de toda a América do Sul, de toda a América Latina, que para cá virão para debater os problemas da humanidade. Mas esta Cidade também tem um potencial para que nós tenhamos exposições. Precisamos, sim, de um grande centro de exposições, porque aqueles de que nós dispomos hoje, como na PUC e outros lugares, são insuficientes. É verdade que em Esteio nós temos um centro de exposições importante, que ajuda a trazer as pessoas para a nossa Capital;  a FENAC, em Novo Hamburgo, também. No entanto, Porto Alegre tem um débito com o seu desenvolvimento, com o seu turismo, nesse particular. Precisa pensar, em parceria com a iniciativa privada, um grande empreendimento para um centro de exposições. Nós precisamos pensar, sim, a Porto Alegre cultural. Nós já conseguimos levar Porto Alegre a Buenos Aires, Porto Alegre a Montevidéo. Temos grandes empreendimentos culturais para a nossa Cidade, mas podemos ter muito mais, porque aqui há uma riqueza nesse particular, porque nós podemos, sim,  fazer de Porto  Alegre o centro cultural do Mercosul e fazer com que para cá convirjam inúmeros visitantes para usufruir das nossas artes, da nossa música, do nosso teatro, das artes plásticas, enfim, de tudo aquilo que Porto Alegre pode dar nesse particular.

Mas Porto Alegre também pode e deve garantir o desenvolvimento sustentado da nossa Zona Sul. Por isso, eu estou irmanado com vários Vereadores desta Casa para que o deslocamento dos moradores do Cristal não se dê para a Vila Nova. Há tantos outros espaços na nossa Cidade disponíveis! Não carece fazer essa transferência para a área a qual nós visitamos. Lá é um lugar de preservação, um lugar de desenvolvimento da nossa pequena agricultura, da nossa ameixa, do nosso pêssego, dos hortifrutigranjeiros. Porque isso também é um elemento de atração das pessoas, porque não há capital neste País que - numa parte entre a urbanização densa do Centro, Cidade Baixa, Menino Deus e Cristal e a nossa distante Belém, Lami - tenha uma área rural com tanta beleza e com tanto atrativo.

Devemos, neste dia, homenagear, mais do que nunca, Porto Alegre porque, nesses 224 anos de Capital, temos que fazer de Porto Alegre uma cidade turística, uma cidade que atraia pessoas, riquezas, e que aqui se consolide desenvolvimento com distribuição de renda. Por isso, acho necessário termos mais ousadia, mais determinação na nossa Administração Municipal para que possamos fazer uma parceria com as mais de vinte entidades representativas  do “trade” turístico de Porto Alegre,  para que tenhamos essa perspectiva de que Porto Alegre atraia o turismo, porque hoje é a quinta cidade que mais atrai pessoas para si,  ainda que por muito pouco tempo, porque as pessoas passam por aqui muito rapidamente nos seus negócios. Porto Alegre precisa ser o centro de convergência de todas as rotas turísticas do nosso Estado e fazer com que aquilo que hoje se fala - o inverno mais quente do Rio Grande do Sul - não seja apenas na Serra gaúcha, mas que parte deste inverno mais quente do Brasil seja também em Porto Alegre, com sua beleza, com seu rio, com seus encantos. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Carlos Garcia.

 

O SR. CARLOS GARCIA:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nesta terça-feira, após visitarmos a Vila Nova junto com outros Vereadores, fiquei muito contente  em ouvir o Ver. Adeli Sell quando colocou que também é contra o assentamento das famílias naquele local. Isso é importante, pois acredito que cada vez mais o número de adesões vai fazer com que aquela área passe, com o tempo, a ser uma área rural.

 Logo após visitarmos a Vila Nova, nós tivemos oportunidade de participar de um almoço na AABB e lá tratamos de um assunto relevante, que é a Coronel Marcos, onde, por inúmeras vezes, ocorreram acidentes naquele trecho, principalmente entre a Associação Atlética Banco do Brasil e a Associação da Caixa Econômica Federal - acidentes com óbitos. E, naquela oportunidade, a Diretoria da AABB nos informava da preocupação deles - que, em frente à AABB, não existe local para os transeuntes, inclusive - e sugeriu que interviéssemos junto à SMT para a possibilidade de ser realizada, naquele local, uma passarela, tipo a que foi feita na PUC, com os custos sendo financiados totalmente pela AABB. Os associados da Associação da Caixa Econômica Federal também solicitam que naquele local, próximo, seja colocado um redutor de velocidade para evitar que esses acidentes com óbitos possam ocorrer, pois na semana passada também ocorreu um acidente com morte naquele local.

 Então, o que estamos postulando é que, o quanto antes, o Secretário Municipal dos Transportes leve a sua equipe até aquele local e faça um estudo.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Aquela Av. Coronel Marcos foi alargada e pavimentada ao tempo em que eu era Secretário de Obras. E uma coisa ficou faltando e ninguém fez depois: deveria haver um passeio em ambos os lados, cordão da calçada implantado pela Prefeitura e as calçadas a serem feitas pelos proprietários, com um metro e meio ou dois metros de largura, não mais do que isto - resolveria e diminuiria os problemas - e aí, sim, em alguns locais colocar redutores de velocidade.

 

O SR. CARLOS GARCIA: Obrigado, Ver. João Dib. Essa é a realidade dentro da visão do Ver. João Dib, um homem que conhece a Cidade profundamente. Mas pudemos constatar “in loco” que, em frente da AABB, não existem condições, pois se a pessoa quiser transitar para aquele lado provavelmente será atropelada, porque o espaço não chega a 50 cm, e o ônibus passa, praticamente, em cima do muro da AABB.  Por isso a solicitação de se fazer uma passarela para que as pessoas possam deslocar-se ao lado aposto.

Na semana retrasada, tivemos a oportunidade de visitar o Cemitério São João, de Porto Alegre, pois recebemos uma denúncia relativa ao Cemitério Municipal São João e fomos visitar aquele cemitério, onde constatamos que, realmente, existem algumas infiltrações. Porém, gostaríamos de parabenizar o Sr. Sérgio Abrahão, que é o Diretor responsável pelos cemitérios do Município, porque o trabalho que nós constatamos, em termos de manutenção, é de alta qualidade. Ao mesmo tempo, constatamos algo que, pelo menos nós, desconhecíamos: a Zona Norte de Porto Alegre - 40% da população de Porto Alegre - não possui um cemitério na região, e o Cemitério São João está com a sua capacidade totalmente ocupada. É uma área com 9ha, com 14 mil sepulturas, e a taxa anual de uma sepultura, nesse cemitério, é de três reais e 50. E um detalhe importante: aproximadamente 70% das famílias não pagam essa taxa. Gostaríamos que o Poder Público Municipal cuidasse disso mais de perto para saber o porquê de essa taxa não estar sendo paga. Talvez seja por ser o valor de três reais e 50, o que, às vezes, até dificulta a emissão do DOC.

No Cemitério São João, o arrendamento anual é de quatorze reais e 43, enquanto que no João XXIII fica numa média de 200 reais. O uso da capela, no Cemitério São João, custa treze reais, enquanto que no João XXIII custa, aproximadamente, 200 reais.

Então, os valores no Cemitério São João são baixos, mas há um detalhe: a população que morre não pode ir para aquele cemitério.

 O que nós estamos propondo é que, por ocasião da discussão do Plano Diretor, se permita ampliar o número de sepulturas naquele local.

 

O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, no Cemitério São João existe uma área livre - eu já conversei sobre isso com V. Exa. -, e seria de bom alvitre que a Prefeitura estudasse a possibilidade de ampliar o cemitério naquela área. Na Zona Norte, o Plano Diretor previa anteriormente, onde hoje está o Loteamento Joframa, um cemitério-parque, que já foi retirado do Plano Diretor. A solução para o problema é muito difícil. Então, a Prefeitura poderia ampliar aquela área do Cemitério São João e, talvez, fazer alguma alteração do Código de Edificações e no Plano Diretor futuro.

 

O SR. CARLOS GARCIA:  Obrigado, Ver. João Dib. Exatamente, é essa a nossa proposição: que, na discussão do Plano Diretor, nós possamos discutir isso. Nós só estamos trazendo esse assunto à pauta porque fomos visitar o local e  nos demos conta de que, realmente, esse é um assunto do qual não nos ocupamos. Mas uma coisa é certa: todos nós acabaremos no cemitério. E nós achamos que a situação atual é injusta para com a população de Porto Alegre, principalmente, como dissemos no início, para com  40% dessa  população. Muito obrigado.

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Clovis Ilgenfritz está com a palavra. Ausente. O Ver. Eliseu Sabino está com a palavra. Desiste. O Ver. Fernando Záchia está com a palavra.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ouvia atentamente o discurso do Ver. Adeli Sell sobre a visitação que os Vereadores fizeram ao Campo Novo, na Vila Nova, e parece-me que há um consenso entre eles de que lá seja feito o reassentamento das 716 famílias do Campo do Cristal, isso por ser aquela região consagrada como de produtores de hortifrutigranjeiros. Mas, no momento em que é feito esse movimento, parece-me que se inviabiliza esse reassentamento por estar havendo um despertar por parte das autoridades de não ser aquela área apropriada para isso. Mas, sendo uma área particular e lá permitido o parcelamento, isso não nos dá a tranqüilidade de que, no futuro, lá seja feito um reassentamento, mas construído um empreendimento por parte da iniciativa privada destinado à classe média, que não será visto por algumas pessoas de maneira igual como hoje está sendo visto, porque para lá iriam pessoas pobres, simples. E o Ver. João Dib me dizia que lá, hoje, não há infra-estrutura de esgoto ou luz para que seja feito um reassentamento. Mas, no momento em que uma grande empreendedora faça lá um condomínio horizontal,  e essa é uma característica dos empreendimentos da Zona Sul, e sendo uma área de pequenos produtores, também será abalada essa estrutura. E hoje a nossa maior bandeira é pela preservação daquela região por tratar-se de uma zona de pequenos produtores rurais, e não a bandeira de que lá estaria sendo feito o reassentamento de famílias simples, pobres, de vileiros. E é por isso que está havendo essa grande participação da comunidade.

Acho que temos que ter a preocupação da preservação da área, da preservação da atividade dos pequenos produtores e tentarmos,  até porque vai tramitar nesta Casa o Plano Diretor, dar a tranqüilidade da preservação daquela área, porque entendo e insisto que se corre o risco de, amanhã ou depois, Ver. Eliseu Sabino, uma grande empreendedora fazer um grande empreendimento residencial e de levar para lá uma quantidade muito grande de casas, de condomínios horizontais, de casas de classe média e os produtores rurais serem prejudicados na sua atividade básica. Para que nós possamos ter essa tranqüilidade, essa garantia, tem que ser feita uma ação no Plano Diretor porque, do contrário, isso vai passar sem ter uma participação evidente da Câmara Municipal. Queria só alertar porque me parece que os Vereadores que foram lá têm a sensibilidade de perceber a inoportunidade de lá serem feitos reassentamentos, ou seja, permitida a construção de qualquer empreendimento que inviabilize ou que descaracterize aquela área.

A segunda manifestação que queria fazer é a respeito de uma publicação que recebi do Ver. Adeli Sell: “Porto Alegre agora” - uma publicação da Prefeitura Municipal, muito bonita, relatando algumas atividades feitas pelo Município. Li rapidamente, Ver. Adeli, e uma área que até é do Ver. Carlos Garcia, mas me chamava a atenção, sobre futebol de várzea. Dizia: “Várzea volta aos bons tempos”. Eu não sei o que  são “bons tempos” para quem escreveu essa matéria, pois essa publicação tem uma tiragem de 70 mil exemplares e certamente é uma grande circulação. “Várzea volta aos bons tempos”, se nós compararmos a várzea de alguma outra cidade, não a várzea de futebol em Porto Alegre. Eu tive uma participação, por mais de 10 anos, em futebol de várzea. Conheço, com alguma profundidade, esse assunto. Futebol de várzea em Porto Alegre nunca esteve tão ruim, tão desprestigiado, tão desvalorizado, tão desestruturado como agora. Até acho que pode estar voltando aos bons tempos se nós compararmos com o final da década de 80, início dos anos 90, coincidentemente, com a Administração Popular.  Claro que temos que compreender que haja uma especulação imobiliária, que há extermínio dos campos, enfim, é uma contingência da grande cidade, mas o que eu reclamo é que, cada vez que se termina um campo, ou passa a não existir ou ali se faz uma construção. Não existe um projeto para a construção de novos campos.

 Eu joguei futebol de várzea de 1968 a 1975/76. Tínhamos, na parte central da Cidade, quase cem campos; hoje não se têm dez. Fui dirigente de um clube de várzea até o ano de 1986 - extremamente recente - e a distância maior que se jogava era aqui em Belém. E tinha-se uma quantidade enorme de bons campos, de campos com estrutura, uma quantidade muito grande de clubes em Porto Alegre. Vejo com tristeza, porque aqui se fala muito num grande campeonato de futebol de várzea, com a participação de cem clubes. O Ver. Carlos Garcia sabe que qualquer campeonato feito por ligas em Porto Alegre reunia, por uma liga, mais de 50 clubes. Hoje se terminam os clubes por não ter lugar para se fazer a prática, ou os poucos lugares que existem são bastante disputados.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Fernando Záchia, eu não tenho o conhecimento que V. Exa. tem do assunto, mas quero dizer-lhe que estive ontem na reunião da segunda parte do Fórum de Futebol de Várzea e ali contei 65 dirigentes que estavam discutindo o nosso campeonato de várzea. Pela informação que ali tive, 400 equipes disputam a primeira parte; na segunda fase, são menos equipes, evidentemente.

Não tenho o conhecimento que V. Exa.  tem sobre o assunto, mas fiquei muito animado em ver aqueles dirigentes e o esforço da Secretaria para fazer um bom campeonato e resgatar o esporte na nossa Cidade. Concluo dizendo que acredito que futebol de várzea é um elemento importante na ocupação do pouco tempo livre das pessoas. E também gostaria de ver a mesma coisa com relação aos esportes femininos, particularmente o voleibol.  Obrigado.

 

O Sr. Carlos Garcia: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Fernando Záchia, quando V. Exa. fala dos campos de futebol, só para ter uma idéia, dentro de poucos meses, talvez, Porto Alegre terá menos oito campos de futebol - quatro em frente a área do “shopping” do Cristal, três na área do aeroporto e um bem próximo ao Parque Marinha do Brasil. Então, são oito campos de futebol que Porto Alegre perderá. Ao mesmo tempo, nesta terça-feira terminamos de visitar todos os centros comunitários que pertencem à FESC e constatamos que alguns campos de futebol, aos fins de semana, não são utilizados.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Muitos estão abandonados, Vereador.

 

O Sr. Carlos Garcia: Então, é um detalhe bastante importante. O que está ocorrendo no momento é que a Prefeitura - vejo assim e saúdo - está tentando tomar a si as rédeas para organizar o futebol da várzea. Ao mesmo tempo, lastimo pelo grande número de campos de futebol que Porto Alegre está perdendo.

 

O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Até cumprimento a iniciativa da Prefeitura de, uma vez por todas, entrar nesse assunto, porque era uma característica da  Administração Popular não se envolver em esportes, até porque não tinha a sua Secretaria. Não podemos ter uma ação isolada da Secretaria se não houver uma participação do Executivo.

 Existe nesta Casa uma lei do ex-Vereador João Bosco Vaz, extremamente importante, que obriga que, naqueles terrenos municipais que estão desocupados, se façam pequenos campos de futebol ou campos de várzea, não só para fazer uma competição como é feita para a categoria aberta e para masters acima de 35 anos.  Tem que incentivar, tem que ser propiciada oportunidade para a prática do jovem. Este não tem recurso. Este vai para o Internacional, que tem mil e 800 meninos nas escolas; vai para o Grêmio, que tem mil e 100 meninos. Porque não existe alternativa para que o menino de 10,12,14 anos possa praticar o esporte. Para aí, parece-me, deve ser direcionado o trabalho da Secretaria, e não se preocupar em fazer uma competição para veteranos, com todo o respeito. Veterano já tem 40 anos de prática de esporte. O jovem não. Muito obrigado.

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Gerson Almeida está com a palavra. Ausente. O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra. Ausente. O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra. Ausente. O Ver. João Dib está com a palavra.                                 

 

O SR. JOÃO DIB:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Porto Alegre é capital há 224 anos. Foi capital antes de ser vila, antes de ser cidade. Por todo esse tempo, Porto Alegre foi administrada e muitas vezes muito bem administrada. O Partido dos Trabalhadores diz que a Cidade teve sua primeira administração em 1º de janeiro de 1989. Não é assim. Antes disso, Porto Alegre foi administrada, e muito bem administrada, por administradores que colocavam os interesses da Cidade acima de todas as coisas.

Eu, nesta semana, lia no “Jornal do Comércio” uma explicação do Secretário Estilac Xavier sobre a recuperação das obras de arte da Cidade, dizendo que antes  ninguém se preocupou com o fato. Eu escrevi ao “Jornal do Comércio” dizendo que explicações são explicações, que inverdades são inverdades. Não era, portanto, verdade o que o Secretário Estilac Xavier - pessoa que respeito, prezo, meu colega engenheiro -  afirmava, porque em 1984 eu, como Prefeito, tinha determinado a recuperação e restauração do viaduto Otávio Rocha, que agora está sendo feito outra vez e que é necessário que se faça. Em 1985, havia determinado que se recuperassem apoios do complexo da Conceição, que estavam deteriorados e que precisavam ser substituídos porque foram feitos com técnicos da própria SMOV sem buscar a FUNDATEC,  pagando 350 mil dólares.  O Secretário disse também que a análise das obras de arte foi fruto de um convênio com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o que é mentira. Foi um contrato com a FUNDATEC que custou  350 mil dólares.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.)  Eu reconheço o trabalho que foi feito em 1984 no viaduto Otávio Rocha,  mas V. Exa. há de reconhecer também que, naquele momento, a situação já estava muito deteriorada naquele viaduto. Imagine V. Exa. passados mais 13 anos! Acho que essa investida que a Prefeitura faz é muito importante e a FUNDATEC,  V. Exa. sabe, é uma entidade vinculada à Universidade - uma entidade privada, mas vinculada à Universidade. Acho que as pessoas são de notório saber e têm feito um trabalho importante na Cidade com a Administração.

 

O SR. JOÃO DIB: Não quero discutir, nobre Ver. Adeli Sell, o problema da FUNDATEC, até que o “Dr. Saber” foi colocado em dúvida pelo Tribunal de Contas da União e pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul. Quero dizer que antes da FUNDATEC, antes do Dr. Estilac, a Cidade estava muito bem cuidada. Ao sairmos da Prefeitura, deixamos um documento dizendo como se faria a recuperação das obras de arte, até porque algumas delas não estavam ainda em tempo de serem recuperadas. Mas quero dizer que antes se fazia também. A Cidade era administrada. O que não aconteceu foi depois de 1986, que alguma coisa de perimetral fosse feita, que alguma obra de arte e de porte fosse realizada. Nada foi feito. A Cidade era bem administrada. Portanto, não cabia ao Secretário Estilac Xavier querer crescer diminuindo os que o antecederam. Isso não tem sentido. As obras foram realizadas.

Vejo aqui o jornal “Porto Alegre agora”, que aumentou 40% em relação a sua última edição. Veio colorido e parece, também, que inventou Porto Alegre.

“Carris 125 anos”. Ontem fiz um Pedido de Informações sobre como estão sendo pagos, a que título e em que condições aqueles servidores da Carris que estão à disposição da Prefeitura e que, de repente, a Prefeitura deixou de encaminhar à Câmara Projeto de Lei para que a coisa fosse equacionada e solucionada. São cerca de 150 servidores da Carris regiamente pagos pela Prefeitura. E não estou culpando a Administração atual - foi desde 1972. É claro que depois de 1972 foram acrescidos outros nomes, e até bem recentemente outros nomes da Carris não estariam cobertos pelo convênio. Mas, de repente, a Prefeitura não mandou mais o Projeto de Lei, que dava grandes discussões neste Plenário. Cento e vinte e cinco anos - uma estatal eficiente, moderna. Ontem foi encaminhado o Pedido de Informações.

“Moradores de rua - da exclusão social ao Orçamento Participativo”. A Administração andou querendo retomar ao Instituto Dias da Cruz a sua área, que é uma fonte de receita. Não estou contrariando a Lei Orgânica.

 A Lei Orgânica também diz o seguinte no art. 34:  “Não se fará modificação salarial, a não ser no conjunto”, e a Administração de V. Exa. fez várias vezes. No art. 31, parágrafo 1º  diz: “O salário se vincula ao salário básico”. Aí o municipário de salário mais baixo foi roubado, porque se  ele recebia um salário de 100 reais e o mais velho era 20 vezes maior, ele recebia 1/20 avos. De repente, o maior passou para 25 vezes o seu salário, ele está recendo 1/25 avos:  roubaram-lhe 20%. Então, a Lei Orgânica não deve ser citada, pura e simplesmente, porque está sendo rasgada a toda hora pelas administrações, não só da Prefeitura mas do País inteiro - a Lei Orgânica e a Constituição.

Então, eu vejo coisas aqui, como a recuperação da balneabilidade do Bairro Ipanema. Não começou agora. Não fui convidado para a inauguração. Eu deveria até ter sido um convidado especial, pois, na minha administração, com recursos próprios, implantamos o emissário na Praia de Ipanema.

A Cidade vem sendo administrada, só que não acontecia o que acontece agora:  jornais de 70 mil exemplares. Poucos jornais no Rio Grande do Sul têm uma edição tão grande. São 70 mil exemplares, 12 páginas coloridas. Algumas coisas: “eles começaram nos campinhos e conheceram a glória do futebol”. Mas isso foi nas administrações anteriores, não agora, tanto que ele jogou com o Pelé. Agora eles fecharam os campos. Diminuiu o número de campos.

Na verdade, é importante que as administrações continuem o trabalho dos seus antecessores, porque a administração continua sempre, troca o governante. Por exemplo: uma página inteira aqui dizendo da reserva ecológica do Lami, 120 hectares adquiridos na administração de Telmo Thompson Flores. A esses 120 hectares serão acrescidos mais. Parabéns à administração da Prefeitura, que está procurando preservar o meio ambiente em Porto Alegre. Mas não começou com eles. Porto Alegre vem sendo administrada há muito tempo, e bem administrada! Talvez não com tantos recursos. Aliás, é a minha bíblia petista que informa que os recursos, há 20 anos, eram muito menores que os de hoje. Hoje chega a ser tão alentador o volume da arrecadação prefeitural, que há superávit, contrariando todas as normas de Administração Pública. O orçamento público deve ser equilibrado, nunca superavitário. Superávit significa má-administração ou excesso de arrecadação ou vampirismo fiscal. Sou grato, Sr. Presidente. Saúde e paz.

 

 (Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Ver. José Valdir. Ausente. O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra.

 

O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sra. Vereadora. Nós queremos, inicialmente, dizer, no advento do aniversário do Ver. João Antônio Dib, que nos sentimos honrados em participar de uma legislatura que conta, pela sétima vez, com a sua presença neste Plenário. Queremos, também, como preliminar, dizer que nos sentimos muito honrados por estar aqui defendendo uma administração popular, um governo democrático popular, do Partido dos Trabalhadores e dos demais partidos do campo popular.

Tudo o que ouvi nesta manhã aqui foram queixas de que o nosso cemitério está com problemas; falta de espaço para os nossos defuntos; problemas nos campinhos de futebol - na área onde eu resido, aliás, tem duplicado o número, através do trabalho da Secretaria Municipal de Esportes -; problemas na parte colorida do jornal  “Agora”, que trata das questões de caráter informativo, educativo e de orientação social, das questões do Município. Então, é uma honra, realmente, participar de um governo como o nosso, quando vemos estampado nos jornais de hoje um título: “Baderna na Assembléia”; o outro jornal: “"Um dia de muita confusão”. Aqui a gente já começa a distinguir uma imprensa comprometida de uma imprensa séria. “Maior baderneiro” - e esse é o título do jornal “Zero Hora”.  Maior baderneiro se chama Governo de Antônio Britto.

Todos nós sabemos, aqui nesta Casa, e também a população do Rio Grande que tem acesso, ainda, aos órgãos de comunicação, que faz apenas dois dias que foi aprovada a Lei Geral de Telecomunicações, que possibilita que o capital privado tenha hegemonia na questão da TELEBRÁS. Dois dias depois de aprovada uma lei desse teor no Congresso Nacional, Senhores, o desordeiro, o baderneiro Governador do Estado já  encaminha, em regime de urgência, um  projeto que possibilita a venda total da CRT para ser votado na Assembléia Legislativa, sem passar por nenhuma Comissão Permanente. E a má imprensa se presta para não fazer uma análise mais profunda, uma análise séria do que isso significa. Quem são os maiores desordeiros, quem são os maiores baderneiros? Não são os que ontem ocuparam o Plenário da Assembléia Legislativa. O maior baderneiro é quem encaminha um projeto de tal jaez à Assembléia Legislativa dois dias depois da aprovação da possibilidade da venda de estatais como a CRT.

 Nesta Casa, na primeira hora da manhã, embevecidos e alegres com o passar do natalício do nosso Ver. João Dib, nós o cumprimentamos. Depois, sucederam-se intervenções cálidas sobre a Administração Municipal. Fiquei pensando: o que passa esse País e como esses assuntos de tamanha seriedade são tratados de uma forma tão vulgar, tão despreparada, não por nós, Vereadores, mas por alguns Deputados na Assembléia Legislativa e por esses governos estadual e federal! Não é possível que se vá pensar a questão da GM, da ocupação daquela área por alguns dias ou, ontem, a legítima defesa de algumas pessoas, representando o verdadeiro poder popular desta Cidade e deste Estado,  não é possível que se vá tratar esse assunto de uma forma descontextualizada e colocar na primeira página do principal jornal “Baderna na Assembléia Legislativa”. Nós precisamos, para colocar um título dessa importância, fazer uma análise do que ocorre em nível mundial. Nunca houve, na verdade, maior desordem. Nunca a ordem vigente foi tão desordeira por excluir tanta gente dos direitos mais elementares, como saúde, lazer e como o direito principal, que é o direito à vida!

 Hoje, milhões e milhões de pessoas neste mundo são excluídas do direito à vida. Nunca houve um tal número de excluídos. Sabemos que há reações em todo o mundo. Temos o episódio dos zapatistas no México. Temos o caso da Coréia do Sul. Temos o caso das pessoas que se revoltam contra a ditadura de Fujimori, no Peru. Temos, hoje, a revolta dos fogonosos, que é o poder popular na Argentina, contra o Governo Menem. Temos as caminhadas européias contra o desemprego e a recessão. Quer dizer: nós temos o mundo inteiro, hoje, que se revolta com essa fase de dominação capitalista intitulada neoliberalismo. E aqui, no Brasil, Senhores, nós temos alguém que pensa que o Plano Real foi feito para que ele se elegesse, alguém que agora parece que se dá  conta de que  foi escolhido como gerente do capital financeiro internacional para, nessa parte do planeta, implantar as políticas do FMI, do Banco Mundial, dos Estados Unidos. Esse Governo que, com esse Plano Real, desemprega milhões e milhões de brasileiros. Esse Governo que, se quisesse - Ver. João Dib, que hoje aniversaria; Vera. Maria do Rosário, que esteve presente nos acontecimentos da Assembléia Legislativa e que presenciou a violência do Governo Estadual -,  mandaria uma medida provisória, assim como manda medidas provisórias para tirar as pensões das viúvas, proibindo a guerra fiscal neste País. Mas ele não faz isso porque é o maior guardião do capital financeiro internacional. Está na sua mão a caneta e pode terminar com esta sangria, na hora que quiser, nos Estados, com essa guerra fiscal que emerge no processo das montadoras, e não o faz.  E ele tem, aqui no Rio Grande do Sul, através do Governo Antônio Britto, talvez o seu maior seguidor. Este, sim, é desordeiro, porque não cumpre a lei salarial, porque doa dinheiro público, sem licitação, para a maior empresa privada do mundo: a GM. Empresta capital de giro sem juros e correção monetária Isso é desordem. E encaminha à Assembléia Legislativa um projeto de lei, dois dias após a alteração do sistema da TELEBRÁS pelo Congresso Nacional, para possibilitar a sua venda. Isso é desordem! O que nós estamos fazendo aqui, no Rio Grande do Sul e no Brasil, é muito pouco, é muito pouco para responder à violência por que hoje passa a humanidade, o Brasil e o Rio Grande do Sul. Ocupar por poucos dias a área da GM, ontem, num ato de legítima defesa em favor do patrimônio público estadual, da vida dos gaúchos, na Assembléia Legislativa, não é um nada e é muito pouco para toda a violência institucional do Governo Fernando Henrique Cardoso e do Governo Antônio Britto.

Ver. João Dib, saúde e  paz  e muitas felicidades a V. Exa. Muito obrigado.          

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera. Maria do Rosário está com a palavra.

 

A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu também quero começar esta fala, na manhã de hoje, saudando o colega Ver. João Dib, sempre tão disposto a trabalhar pela Cidade de Porto Alegre, sendo um exemplo para todos nós.                                  

Quero também dizer que o Prof. Paulo Freire, em entrevista publicada no jornal “O Pasquim”, em 1978,  fez um relato de uma situação enquanto estava preso. Contava  que uma pessoa dirigiu-se a ele e disse: “Prof. Paulo Freire,  há muito recruta analfabeto; por que, então, não aproveitar que o senhor está aqui preso para alfabetizá-los?” – “Eu disse então” - dizia Paulo Freire: “Meu caro Tenente, eu estou preso exatamente por causa disso”. Dessas palavras de Paulo Freire, fico me perguntando se ele não quis dizer com isso que cada um tem o seu lugar e a sua contribuição. Quero dizer a V. Exas., com absoluta tranqüilidade, que a contribuição que cada um de nós temos é julgada pela população, é apresentada à população, e que, na perspectiva do mandato que exerço nesta Casa pelo Partido dos Trabalhadores, a minha contribuição é justamente essa, vinculada aos movimentos e à luta dos trabalhadores. Não aceito, portanto, a pecha de baderneiro, assim como não aceito para o movimento dos trabalhadores, que são os trabalhadores, os educadores, aqueles que cuidam da segurança pública, aqueles que atendem a população no seu dia-a-dia, com carinho, com atenção. Baderneiros! Ao contrário, são educadores, são trabalhadores da área de segurança, da Brigada Militar, e são pessoas organizadas nos seus sindicatos de classe, absolutamente dentro da lei, e que reivindicam o mínimo, Srs. Vereadores: reivindicam o diálogo. E diálogo não há no Estado do Rio Grande do Sul. O Governador do Estado Antônio Britto não recebe os pequenos produtores, não recebe os professores, não recebe qualquer trabalhador.

O Governador do Estado do Rio Grande do Sul recebe com honras - como deve fazê-lo -  todos os setores do empresariado, especialmente aqueles vindos de fora, no sentido da captação de investimentos para o Estado do Rio Grande do Sul, mas o Governador não dispensa o mínimo do seu tempo para uma crise como a que estamos vivendo. E governar é ter responsabilidade, governar é estar disposto ao diálogo.

O que vi na Assembléia Legislativa no dia de ontem, durante a tarde, enquanto acompanhava as votações da privatização total da CRT, do pacote relacionado à educação, do aumento da alíquota do ICMS de 17 para 18%, foi um depoimento de determinadas bancadas, sem que sequer aqueles partidos que dão sustentação ao Governo ocupassem a tribuna da Assembléia no sentido de estabelecer o diálogo, mesmo com os Deputados que faziam a crítica desses projetos. Srs. Vereadores, tenho a impressão de que não há diálogo sequer entre os Deputados nos dias de hoje. O Governo se encastelou numa maioria tal, que praticamente não permite que se estabeleça o diálogo entre os parlamentares. A sociedade, Ver. Paulo Brum, solicitava tempo. Quantas e quantas vezes temos aqui representantes da população que nos pedem tempo para conhecer os projetos que dizem respeito à sua vida e às suas categorias! E somos parlamentares, somos homens e mulheres de diálogo, e nos colocamos sempre nessa perspectiva.

Portanto, Srs. Vereadores, quero dizer a vocês que o que aconteceu na  Assembléia Legislativa deve servir para todos nós como um alerta de como as instituições precisam, nos dias de hoje, estar permeáveis aos interesses de toda a sociedade, e não somente olhando para uma parte da sociedade. Quero destacar que  vivemos momentos muito difíceis, não por conta do movimento popular organizado, porque essa é a resposta que os setores organizados podem dar, nesse momento, à falta da solução que os governantes, no plano estadual e no plano federal, apresentam para a grave crise que se abate sobre os trabalhadores. É legítimo que os trabalhadores, nas diferentes categorias, especialmente no setor público, que tem sofrido enormemente com o desmantelamento das políticas de Estado no atendimento à população,  reivindiquem e  estabeleçam a pressão sobre os governos no sentido de que venham ser a atendidos.

Mas digo que são dias difíceis, porque nesses dias nós vemos, por exemplo, na Ordem do Dia, a questão da privatização do Meridional. O Meridional não teve apoio por parte desse Governo. Os últimos três governos se posicionaram favoráveis ao Rio Grande e contra o desmantelamento do Meridional,  o Meridional, que já teve 34 agências fechadas do ano passado para cá, que teve mais de dois mil funcionários demitidos, de setembro de 1996 até junho de 1997, e que, como instituição financeira, tem absoluta importância para o Estado do Rio Grande do Sul e já devolveu aos cofres da União cerca de três vezes mais daquilo que a União investiu há 12 anos, que foram 121 milhões de dólares à época.

Mas não é só isso. Nós vivemos dias, Srs. Vereadores, de instabilidade, uma pressão enorme em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, no sentido da privatização dos hospitais Presidente Vargas e do Grupo Hospitalar Conceição, e não estamos longe da batida do martelo da privatização dessas instituições que prestam atendimento especializado na área materno-infantil e que atendem a nossa população naquilo que ela tem maior dificuldade, que é garantir um mínimo de dignidade no atendimento na área da saúde. Srs. Vereadores, um Estado que tem a saúde privatizada, um Estado que tem uma instituição financeira que nos orgulha, que está à margem da privatização e que estava na Assembléia Legislativa no dia de ontem e, no dia de hoje, a possibilidade de se ver a privatização completa da CRT, uma empresa que os gaúchos construíram, depois de todo o discurso da campanha eleitoral de que  a CRT e a CEEE seriam intocáveis, isso não é apostar no confronto com a própria sociedade? Não é apostar no confronto com a sociedade não dialogar com os trabalhadores em educação, que mantêm um piso salarial de 111 reais, que estão buscando, há mais de dois anos, uma audiência com o Sr. Governador e que não são recebidos? Não é apostar no confronto limitar o atendimento dos policiais civis e militares ao Secretário de Justiça e Segurança, quando o próprio Secretário já se pronunciou dizendo que ele não tem solução a dar, que a solução está na Fazenda e no Governador? Não é apostar no confronto fazer o discurso de que não existem recursos, quando nós sabemos muito bem da crise que existe entre os próprios funcionários da Secretaria da Fazenda, incontrolável por parte do Secretário da Fazenda? E toda uma política de isenções dentro do nosso Estado, que tem levado a uma perda na arrecadação? Pois a única lei que vale, Ver. João Dib, para o discurso do Sr. Governador, no dia de hoje, é a Lei Camata, porque a lei salarial que ele enviou para a Assembléia Legislativa, e que foi votada pelos Srs. Deputados como Projeto de Lei do Executivo, esta praticamente, até hoje, não foi cumprida. Não foi cumprida! Assim como a Constituição do Estado não está sendo cumprida quanto à obrigação do Governo de aplicação dos 35% na área da educação.

Portanto, Srs. Vereadores, é uma vergonha o que estamos vivendo, mas quero dizer a V. Exas. que cada um de nós sabe da sua responsabilidade, e eu sei da minha responsabilidade como cidadã, como Vereadora e como membro, sim, de uma categoria profissional, associada de uma categoria profissional e do meu sindicato, que é o CPERS-Sindicato. Os trabalhadores estão em luta, e parece que o Prof. Paulo Freire nos dá o caminho - aquele é o lugar que muitos de nós fizeram a opção de acompanhá-lo. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Os Vereadores Nereu D'Ávila, Reginaldo Pujol, Renato Guimarães estão ausentes. Este Vereador desiste. O Ver. Cyro Martini está com a palavra.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em primeiro lugar, aproveitando esta oportunidade, quero voltar a um tema e a uma preocupação que me diz respeito de perto, como também a boa parte daqueles com os quais me relaciono, tanto na área funcional quanto fora dela: o Departamento de Trânsito.

Amanhã, 25 de julho, é o dia de São Cristóvão, padroeiro dos motoristas. Tivemos a grata satisfação de participar, no final da década de 60, início da de 70, da instituição da Semana do Motorista, de 18 a 25 de julho. Essa Semana logrou pleno êxito no curso do seu desenvolvimento até a chegada do atual governo na direção do Estado.  Esqueceu a Semana, esqueceu o propósito educativo e pedagógico dessa promoção.

Para nós, que militamos na área do trânsito, sempre foi motivo de satisfação - nós de Porto Alegre, nós do Rio Grande do Sul, nós da Polícia Civil, nós do Departamento de Trânsito -, sempre foi motivo de orgulho a oportunidade da criação dessa Semana do Motorista e do dia do Motorista e das finalidades pedagógicas inclusas na promoção.

O Governo atual esqueceu. Esqueceu, por quê? Porque o propósito que ele busca quando privatizou o DETRAN, autarquizou, terceirizou o DETRAN, o propósito não era e não é encontrar soluções para os problemas do trânsito, quer na área da administração do trânsito, quer na área da educação, quer na área do policiamento, inclusive na área da engenharia, onde o Estado pode desenvolver alguma tarefa nesse sentido. O propósito é outro. Não sei exatamente qual é, mas, quando vejo todo esse movimento neoliberal de privatização do Estado, vejo essa ânsia de repassar para a área privada um serviço que deve continuar, ou deveria continuar, nas mãos do poder público. A administração do trânsito, seja por parte da União, do Estado ou do Município, se não é uma tarefa das mais importantes - alguém poderia dizer que é a mais importante  e nós teríamos dificuldade em contrariá-lo -, então eu não sei mais nada, não sei  mais coisa alguma a respeito de valores, da hierarquia de valores, da importância da vida humana, da integridade física da pessoa, seja do motorista, passageiro ou transeunte.

Fico estupefato quando vejo na via Dutra um acidente de trânsito com 14 mortos e outros tantos feridos - um número impressionante! O Estado registra, cada fim de semana, números altíssimos de mortes. Ficamos a mercê de incompetentes que vêm de São Paulo para nos vender  mercadoria podre de segunda categoria. A Dona Nereide, o Seu Roberto Scaringela, esquecendo que nós levamos muitas mensagens, muito do que está na administração aqui do Estado... A educação para o trânsito eu não discuto, porque eu sei que fomos nós que levamos nacionalmente essa mensagem, mas  ficarmos nas mãos de uma incompetente chamada Dona Nereide Tolentino. É brincadeira! É uma brincadeira como outras tantas por parte do Seu Britto, do Seu  Eichenberg. E    quem  queira dizer que o Sr. Eichenberg é competente. Não dá para entender quando assim se quer pensar. Mas isso tudo reflete, lá no fundo, um deboche contra o qual eu me revolto. Não posso admitir a atitude de deboche, de desrespeito por parte do Sr. Fernando Henrique Cardoso e do Sr. Antônio Britto. Deboche contra o funcionalismo em geral, querendo dizer que é um bando de preguiçosos, de mal-intencionados, por um lado, e, por outro, sempre aquela história de marajás. Deboche através do qual se procura humilhar, achincalhar contra o funcionário público. Esse deboche está aí dando luz a essa reação, muito bem aqui apanhada, no que diz respeito ao jornal “Zero Hora”, pelo nobre Ver. Juarez Pinheiro, quando ele coloca ali a cumplicidade de parte dos setores da imprensa chamando isso de “baderna”. É uma revolta natural, que é uma legítima defesa, como bem disse o Ver. Juarez Pinheiro na sua peroração.

Agora, nós, funcionários públicos, temos que nos calar diante dessas agressões morais praticadas? Não podemos. O deboche, a construção de uma imagem que vem desde o Fernando Collor contra o funcionalismo público, isso associa flagrantemente Fernando com Fernando. E nós, se dependêssemos do jornal que estampa “baderna”, teríamos que ficar calados ao sermos apunhalados pelas costas? O deboche leva a essa atitude que ainda é muito leve, muito suave: o deboche do Fernando Henrique Cardoso, do Sr. Antônio Britto contra isso. Evidentemente, o funcionário público não é um imbecil, um idiota. Sempre digo: não confundam ganhar pouco com falta de inteligência e capacidade de percepção. É muito diferente uma coisa da outra. É a imagem que constroem, através de uma imprensa comprometida, para dizer que os funcionários são um bando de relapsos, de vagabundos, e, quando não conseguem dizer isso, dizem que têm alguns marajás que acabam com o  tesouro, com o erário público.  Não tem cabimento!

Com relação à política salarial do Governo do Estado, estamos aí vendo que o próprio Governo editou, no ano passado, a Lei de nº 103/95, e não a cumpre. No meu tempo de exercício da atividade policial, o descumprimento de uma lei era prevaricação. Se o Governador não acata, não observa, não atende a lei, ele está, no dizer de uma figura da polícia,  prevaricando.

Agora, o funcionário, esse vai ter que responder. Agora, e o Governador não responde por nada? Nem pelos deboches dele? É uma preocupação. Acho bom que o Governo Federal e o Governo Estadual prestem bem atenção para onde eles estão transportando a sorte do funcionalismo, sem dúvida, mas do povo brasileiro. É bom que eles meditem, não brinquem com a sorte e a honra dos outros. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE:   O Ver. Luiz Braz está com a palavra.

 

O SR. LUIZ BRAZ:  Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a impressão que tive quando entrei no Plenário é a de que os Vereadores petista se transformaram, de um instante para o outro, em Vereadores preocupados com as questões de todo o Estado, mas que não têm nenhum tipo de preocupação com aquilo que acontece dentro do Município.

O que significa? Não são Vereadores. São seres excepcionais que fazem do seu ministério, do seu trabalho aquilo que realmente lhes dá mais prazer. E o que dá mais prazer é exatamente ver gastar, para utilizar o termo do meu amigo Ver. Cyro Martini, o Governo do Estado e o Governo Federal. Ver. Cyro Martini, V. Exa. tem muita razão quando diz, por exemplo, do descumprimento de legislação. Quer mais descumpridor de legislação do que o governo de V. Exa.? Só para dar um exemplo, Ver. Cyro Martini: existe um projeto de lei que foi votado neste Plenário, de autoria deste Vereador, que simplesmente pede para que seja ensinado às crianças o Hino Nacional Brasileiro nas escolas municipais. E sabe que o governo de V. Exa. descumpre? Por quê? E eu ouvi de um Vereador desta Casa, da bancada de V. Exa., que o Hino Nacional Brasileiro é uma coisa muito antiquada. V. Exa. sabe que o governo de V Exa., o Prefeito Municipal, não recebe as entidades representativas dos funcionários! Se uma Vereadora desta Casa foi uma das líderes da invasão da Assembléia Legislativa porque estava se tratando de um problema de funcionalismo, imagine V. Exa. o que deve ocorrer, então, dentro deste Município! Será que a mesma Vereadora ou será que os Vereadores da bancada de V. Exa. vão liderar ou vão fazer com que as pessoas que não são lá recebidas sejam levadas a invadir o gabinete do Sr. Prefeito Municipal para obrigar a recebê-las? V. Exa. acha que é assim que se faz democracia? E quando os secretários do governo de V. Exa. não recebem os Vereadores desta Casa? A coisa mais difícil que existe - V. Exa. trabalhou na área do transporte - é ser recebido na SMT. Este Vereador, semana passada, marcou uma audiência com o Secretário. Dois dias antes, recebeu a informação de que o Secretário não podia recebê-lo, que seria recebido por uma pessoa de segundo escalão. Como eu precisava resolver o problema de uma comunidade, eu fui lá para ser recebido por um técnico da SMT. Quando eu cheguei, esse técnico se escondeu para não receber este Vereador, e isso foi denunciado por um funcionário da SMT que lá estava. Eu não posso citar o seu nome, porque ele será punido, condenado por um governo ditador. Porque eu precisava tratar desse assunto de uma comunidade, eu fui recebido por um funcionário - eu acredito – de  quarto escalão. Eu encaminhei o assunto, mas sei que ele não vai ser resolvido, porque não existe, Ver. Cyro Martini, por parte do governo de V. Exa., a noção do que é democracia. O partido de V. Exa. chegou ao poder pensando que nunca mais vai deixá-lo e para isso usa a mais pura ditadura.

O que aconteceu ontem na Assembléia Legislativa foi o maior atentado acontecido neste Estado contra os princípios democráticos. E eu vejo que hoje, aqui, aquele atentado contra os princípios democráticos é aplaudido pela bancada de V. Exa., assim também, Ver. Cyro Martini, como a invasão comandada pelo partido de V. Exa. a uma área onde vai ser executado talvez um dos maiores projetos de que este Estado, nos últimos tempos, teve notícia. Simplesmente, aquela invasão é tida como um dos mecanismos maiores para que a democracia deste País possa-se dar na sua plenitude.

  Sobre isso, Ver. Cyro Martini, que está acontecendo com o governo de V. Exa., há algum tempo, eu ouvia, por parte de algumas lideranças que pertenciam ao governo de V. Exa., notas de repulsa. Diziam que aqueles governos que estavam instalados lá e que não cumpriam com os ditames populares exigidos naquele instante eram antidemocráticos. Mas querem mais antidemocrático do que o PT? Querem mais antidemocráticos que os atos que aconteceram nas últimas semanas? Só para não dizer o que aconteceu com as Lideranças dessa Casa quando não foram recebidas pelo Prefeito de V. Exa.

 Ver. Cyro Martini, com todo o respeito, digo a V. Exa. que o partido de V. Exa não tem o direito de subir nesta tribuna e falar em democracia. O partido de V. Exa. é feito de revoltosos, rebeldes, de pessoas que não saíram da adolescência. Passou o tempo e eles continuam na adolescência ainda, em plena adolescência. São rebeldes sem causa.

 

 (Apartes paralelos.)

 

Sr. Presidente, ou V. Exa impõe respeito ou suspende a Sessão.

 

O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, vamos manter a ordem e continuar com a colocação do Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: É claro que, se os Vereadores petistas pudessem e tivessem força para isso, arrancariam este Vereador da tribuna. Mas, como não o podem, fazem apenas apartes anti-regimentais e utilizando métodos que aprenderam muitas vezes em países comunistas, que tentaram, de uma certa forma, impor o regime aqui em nosso continente. Aprenderam lá e vieram com esta prática barata, tentando impô-la aqui dentro do nosso Plenário.

 Ver. Juarez Pinheiro, nem V. Exa, e nenhum Vereador da sua bancada vai calar este Vereador. Nenhuma prática anti-regimental que possa utilizar ou que qualquer Vereador da bancada de V. Exa. possa utilizar vai fazer com que esse Vereador possa, de uma forma ou de outra, sair fora daquilo que considera o rumo correto a fim de que possamos dar oportunidades para todas as correntes da sociedade. Aquilo que V. Exa. chama de mentiras são as verdades que doem. São as verdades que calam fundo, são aquelas  verdades que mexem no fundo da consciência, porque sei que, muito embora petistas, consciência ainda têm.

 

O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Para concluir, Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Como fui eleito para defender uma corrente dessa sociedade que represento por quatro anos, vou falar sobre o pensamento dessa corrente que eu defendo e não vou curvar-me diante dos ataques muitas vezes covardes.

 

O SR. PRESIDENTE: Para concluir, por favor, Vereador, seu tempo já está esgotado.

 

O SR. LUIZ BRAZ:  Sr. Presidente, V. Exa., que chegou agora, não pôde assistir que várias vezes este Vereador foi interrompido e não pôde continuar a falar sobre as suas idéias aqui da tribuna.

 

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa não tem condições de fazer esse tipo de julgamento. V. Exa. tinha dez minutos, que se passaram, e estamos tentando cumprir o Regimento. Se houve apartes anti-regimentais, a Mesa não estava presente e não tem condições de avaliar. Teria que ser resolvido na hora. Peço a V. Exa. que conclua, pois V. Exa. já falou por mais de dez minutos.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Concluo. Muito obrigado.

 

(Não  revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Nós precisamos baixar um pouco a adrenalina. O Ver. Gerson Almeida está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. GERSON ALMEIDA:  Sr. Presidente e Srs. Vereadores, acho que ninguém pode expor aquilo que não tem. E o que está faltando exatamente entre os principais dirigentes políticos do nosso Estado são idéias, são propostas políticas que demonstrem grandeza suficiente para enfrentar momentos difíceis e delicados como os que vivem o nosso Estado e o nosso País. Ninguém pode, em nome da democracia, pervertê-la. Ninguém pode, em nome da democracia, mandar um projeto, num dia, que diz respeito a um patrimônio construído ao longo de décadas por um esforço social da Nação. Ninguém pode mandar um projeto contrário àquilo que estabeleceu o pacto democrático entre o governante eleito por maioria e aquela maioria que o elegeu. Isso é perverter a democracia; isso é, em nome da democracia, estabelecer uma relação autoritária e que transforma a política num mero faz-de-conta ou num exercício de enganar todos o tempo todo.

Acreditamos que política é a ação feita coletivamente para iluminar os caminhos do homem e da humanidade, que a política é o ato feito para auxiliar na realização da melhoria da qualidade das condições de vida da humanidade, mesmo que os grupos sociais e as pessoas tenham opiniões diferentes.

Não podemos aceitar isso. O Governador Antônio Britto foi eleito e estabeleceu um pacto com a sociedade, com a maioria que o elegeu, dizendo que jamais iria privatizar a CRT, a CEEE. Inclusive, eu, como funcionário da CRT, recebi uma carta do Governador Antônio Britto, assinada por ele. E ele dizia mais, que “sei que há grupos de oposição vinculados ao PT que estão colocando boatos dentro da categoria do Estado de que a CRT vai ser privatizada”. Ele dizia isso. Ele mandou uma carta para a minha casa, acusando-me de estar fazendo boatos.

Então, quero dizer que temos que saber que os movimentos sociais agem de forma autônoma e respondem pelos seus atos. Essa é a primeira questão.  O PT - já disse ontem, vou repetir -, ele  não se constrange em apoiar as lutas legítimas dos trabalhadores do campo e da cidade. E mais: falei ontem - e acho que os episódios que ocorreram de lá para cá comprovam - que, a rigor, eu estou chegando a uma conclusão que não gostaria de chegar, por mais dura que seja a crítica que faça ao Governador e ao grupo político que o sustenta, com nuanças, naturalmente, porque o PPB, cada vez mais, começa a fazer um discurso mais fiel àquilo que pensa e a se afastar da forma como o Governador Britto tem conduzido a sua política. Estou chegando à conclusão de que o Governo Britto é um provocador. Ele sabia, 24 horas antes pelo menos, que iria haver uma ocupação em Gravataí e não fez nada, ou melhor, mandou o seu fiel escudeiro, seu truculento escudeiro ligar para o Prefeito de Gravataí quase como dizendo “é com vocês”, sabendo que legal, constitucional não é uma responsabilidade do Município.

Há uma única entrada em Gravataí, mas ele já tinha o discurso pronto na segunda-feira: atacar o PT e procurar nos constranger junto à sociedade. Eu disse isso ontem, mas muitos disseram que foi uma apressada conclusão do Líder do PT, que tem interesse em desgastar o Governo. Pois os episódios de ontem comprovam essa tese.

O Governador Britto não é um elemento de tranqüilização em um momento difícil como o que nós estamos vivendo. Ele é um elemento de aumentar as dificuldades, ele é um elemento provocador. Ele é um provocador social que não saiu do palanque e que quer transformar o Palácio Farroupilha no principal instrumento de disputa política com a sociedade, com parte dela, e acho que isso é perverter a democracia e isso não pode. E a perversão da democracia não pode ser usada para defendê-la, porque a democracia é, sobretudo, o compromisso de pactos políticos e sociais publicamente assumidos. E o Governo Britto não só os descumpre, como quer fazê-los de uma forma açodada e truculenta, e nós, o movimento social, o Partido dos Trabalhadores e todos os democratas, não podemos aceitar isso e nós vamos combater isso em todas as frentes. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra em tempo de Liderança.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, e o Líder da Bancada petista vem a esta tribuna e fala que alguém é provocador! Ninguém é mais provocador do que o próprio Líder da Bancada petista. Eu não entendo por que esta Liderança cheia de idéias, uma pessoa tão reluzente, não pode vir aqui para falar sobre o Município de Porto Alegre. Porque tudo o que eu falei, preso à idéia de democracia, foi relativo ao Município de Porto Alegre. Em momento algum eu disse, por exemplo, que era a favor ou contra a venda da CRT. O que eu disse é que os métodos que foram utilizados eram métodos antidemocráticos. Foi isso que eu disse. E esta brilhante, reluzente figura do Líder do PT não é capaz de vir até aqui para explicar essas coisas que são simples. Aliás, o Líder, esse reluzente moço, não consegue explicar coisas simples. Ele tem muita dificuldade. Ele é muito enrolado. Já ouvi esses comentários aqui, de que ele é muito enrolado. E, realmente, ele não consegue explicar. Não porque ele não tenha brilhantismo - ele tem muito brilhantismo -, mas acontece que ele fica muito preocupado em atacar o Governo do Estado e o Governo Federal.  E explicar o seu Governo ele não consegue! Por exemplo, Ver. Gerson Almeida, V. Exa.  não conseguiu explicar por que o Prefeito de V. Exa. não recebe lideranças desta Casa, por que o Prefeito de V. Exa. não recebe as lideranças dos funcionários públicos municipais, por que os secretários de V. Exa. não concedem audiência aos Vereadores de oposição, por que os secretários de V. Exa. se negam até a receber telefonemas de Vereadores de oposição. Se V. Exa. acha que isto é democracia, se V. Exa. acha que isto deve ser feito por todos aqueles que governam Estados e Municípios, acredito que V. Exa.  tenha uma idéia falsa a respeito do que é democracia, muito embora eu saiba do brilhantismo de V. Exa. Já percorri vários caminhos por este Brasil afora, mas dificilmente encontrei alguém tão bem-servido de inteligência como é V. Exa., que consegue expor toda a sua inteligência sempre que está em debate com outros Vereadores e que vem a esta tribuna.   Os Vereadores desta Casa são as testemunhas mais vivas do poder que tem V. Exa. de convencer as outras pessoas, colocando as suas idéias muito claras sempre e sempre cheias de todas as informações necessárias para que os outros Vereadores possam ser convencidos.

 É raro V. Exa. vir a esta tribuna, mas gostaria que numa hora qualquer V. Exa. pudesse explicar o Governo de V. Exa. e os princípios democráticos desse Governo e não utililizasse as ferramentas utilizadas pelo Ver. Juarez Pinheiro - que é uma pessoa que aprecio e que hoje saiu fora do seu normal e tentava impedir este Vereador de  falar desta tribuna. Não é assim que vamos construir democracia. Vamos debater os assuntos, vamos falar sobre as nossas idéias, muito embora alguns tenham poucas idéias. V. Exa. é uma pessoa com muitas idéias. Quem sabe eu possa aprender com V. Exa. Mas só posso aprender se pudermos debater. Se V. Exa. impedir que este Vereador debata no Plenário, que eu possa expor os meus pensamentos, vai ficar muito difícil. Em vez de um diálogo, vamos ter um monólogo, onde eu só posso ouvir V. Exa., mas não posso falar, porque,  no momento em que peço a palavra, sou sempre impedido de falar.

 Se o Governo de V. Exa. puder começar a receber os Vereadores de oposição, a receber as representações dos funcionários públicos municipais, quem sabe já possamos conversar em termos de democracia. Eu, mesmo sem muitas idéias, posso falar em democracia, porque eu pratico democracia. Agora, o Governo de V. Exa., como acredito que não pratica a democracia, não dá autoridade para que seus representantes possam  falar em democracia. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Vera.  Anamaria Negroni está com a palavra em Comunicações.

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, cumprindo o meu mandato como Vereadora de Porto Alegre, cheguei a esta Casa cheia de orgulho por estar representando aqui uma parcela significativa de sua população. Trouxe comigo a expectativa de poder fazer muito pela população que me elegeu. Afinal, sempre imaginei que a vida de um Vereador estivesse intimamente ligada ao trabalho dirigido a dar ao cidadão uma melhor qualidade de vida, maiores oportunidades de trabalho, chance de progresso. Cheguei aqui,  Sr. Presidente e Srs. Vereadores,  tomada de uma vontade muito grande de fazer tudo isso ao lado de outras 32 pessoas que,  no meu entendimento e imaginação,  teriam os mesmos objetivos e ideais.

O meu gabinete, nesta  Casa, passou a ser a extensão da minha própria casa. Este Plenário, que para mim é sagrado, passou a ser o verdadeiro templo das minhas reflexões, o palanque das minhas reivindicações, o campo das minhas batalhas em defesa de tudo que me levou a concorrer a uma cadeira na Câmara Municipal de Porto Alegre. Este Plenário, repito,  é um  local sagrado pelo qual tenho o maior respeito e espero que jamais venha a ser maculado pela incompreensão, pela arrogância, pela intolerância de quem,  em algum momento,  não saiba diferenciar o direito à liberdade e o direito de provocar, de destruir e,  o que é pior,  macular algo que lutamos tanto para alcançar, ou seja, a democracia plena.

Digo isso, Srs. Vereadores, para lamentar os fatos ocorridos na Assembléia Legislativa do nosso Estado. É, realmente, chocante ver as fotos estampadas no jornais de todo o Brasil e, via Internet, em todo o mundo, mostrando pessoas invadindo,  subindo em tribunas, deitadas nos corredores, agredindo, enfurecidas e raivosas, um local que em 164 anos esteve sempre aberto à democracia.

Aquelas pessoas que lá estiveram, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, certamente muitas delas pressionadas pelo baixo salário que recebem, lutando por melhores condições de vida, ao olharem as fotos dos jornais, ao assistirem às imagens da televisão, devem estar agora envergonhadas do triste papel a que foram submetidas. Algumas delas, é verdade, pois a maioria, certamente, tinha plena consciência do que estava fazendo lá. Em meio aos baderneiros - que, pela primeira vez, invadiram o Plenário do Palácio Farroupilha e fecharam o Parlamento gaúcho, coisa que não aconteceu nem durante a ditadura militar - repito, entre os baderneiros, era fácil de identificar, inclusive, colegas nossos aqui desta Casa, alguns, segundo informações divulgadas pela mídia, liderando a invasão do Plenário da Assembléia.

Esta Vereadora entende que a situação salarial dos policiais civis e militares é crítica, que as privatizações podem ser discutidas, que todas as questões devem ser amplamente debatidas - logicamente, tudo isso dentro da ordem e do respeito à  lei. Mas esta Vereadora também não pode admitir que, sob o argumento de ser contra a venda de ações de estatais ou de lutar por melhores salários, as pessoas resolvam invadir plenários, agredir a Constituição e o direito daqueles que foram eleitos por elas mesmas para defender o regime democrático e as instituições parlamentares. Ao analisar as imagens que estão diante de mim, ao refletir sobre o que vi e ouvi, fico pensando se vale mesmo a pena estar aqui e conviver com a hipocrisia, com a falsidade, com o oportunismo daqueles que aqui pregam a defesa dos direitos e que,  fora daqui, misturam-se aos perturbadores da ordem, aos baderneiros, aos que se utilizam da consciência de alguns poucos como massa de manobra de suas verdadeiras intenções. Triste é ver as pessoas como irracionais invadirem parlamentos e acabarem com sessões legislativas! Triste é ver aproveitadores, muitos deles acobertados por mandatos, descaradamente pregarem o direito do cidadão e a defesa da cidadania!

Tomara, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, que este lugar, que hoje é o templo das minhas reflexões, não acabe sendo o muro das minhas lamentações por culpa daqueles que dizem uma coisa e fazem outra lá fora. Peço a Deus, Sr. Presidente, que, no momento que alguém resolva invadir este Plenário, todos nós estejamos aqui para defender a democracia e manter este templo aberto.

Por outro lado, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ouvi aqui algumas manifestações de Vereadores petistas que, embora respeite como sócio-democrata que sou, discordo dos discursos proferidos pela Vera. Maria do Rosário e por outros Vereadores que aqui se fizeram presentes, pois os mesmos apresentaram incoerências, as quais abomino e abordo a seguir.

O nosso Prefeito Raul Pont governa esta Capital. No entanto, tem demonstrado que não está disposto ao diálogo, o que se prova através dos problemas enfrentados pelos municipários deste Município. Quando solicitada – esclareço -, quando solicitada pelo sindicato dos municipários e pelo Sindicâmara uma audiência com o Sr. Prefeito Municipal, tal reunião não foi concedida a esses trabalhadores que estão reivindicando, legitimamente, os seus direitos. E o Governo Municipal continua com belos e inflamados discursos, tais quais os dos Vereadores que me antecederam!  Discursos, palavras! Palavras, nada mais do que palavras! Palavras bonitas, bem colocadas e sem qualquer constrangimento, porém, com um único propósito: a ignóbil demagogia. Prova disso é o primeiro movimento dos municipários que, embora lutem pelos direitos legítimos, lutam também pelo cumprimento da política salarial do Município, e jamais foram recebidos, como já dissemos, pelo Governo Municipal, como também jamais foram visitados pelo Governo Municipal na sua barraca que mantêm defronte da Prefeitura Municipal.

Eu gostaria, Sr. Presidente, de usar o tempo de Liderança de nossa Bancada.

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exa. tem mais cinco minutos em tempo de Liderança.

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Como eu dizia, esses militantes jamais foram recebidos pelo Governo Municipal, como também jamais foram visitados pelo Governo Municipal, incluindo a isso a visita de qualquer Vereador desta Casa, Vereadores que têm ido atrás e combatido e se movimentado para discutir outros direitos, direitos que nós vemos como legítimos, que são contra o Governo Estadual. Ou será, Srs. Vereadores, que os municipários também não são trabalhadores? O problema é que o Governo Municipal, contrariamente ao seu discurso, é seletista. O problema é que o Governo Municipal e os Vereadores não estão preocupados com o cumprimento de leis e problemas ocorridos nesta Capital, mas, sim, com fazer mobilizações e aparições na mídia, suas invasões perante o Governo Estadual. Tudo isso tem denotado, de forma demagógica, como sempre têm agido. Tudo de olho, Srs. Vereadores, no voto de todos esses reclamantes para o próximo pleito de 1998. É isso, Srs. Vereadores: esses antidemocráticos, baderneiros, estão em plena campanha para o próximo pleito. E a Lei Camata, aqui debatida e utilizada pelo Governo Estadual como uma de suas ferramentas de defesa da política salarial, não pode ser utilizada pelo Governo Municipal, haja vista, felizmente para nós, cidadãos deste Município, não ter ele sua receita comprometida em 60%, como é o caso do Governo Estadual, que compromete além dos 80%.

Então, vejam, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que apenas uma parte da sociedade está sendo olhada pelo Governo Municipal. E creio que aquela parcela da sociedade que está sendo olhada, que está sendo lembrada, está de acordo com a maneira petista de governar. Deixo bastante cristalino: a parte da sociedade que está sendo beneficiada é aquela participante do polêmico Orçamento Participativo.

E mais: o que discutimos ontem, nesta Casa, foi a falta de atendimento médico e de assistência social nas vilas carentes de Porto Alegre. Inclusive, deixamos aqui, mais uma vez, uma solicitação ao Governo Municipal: lembrem-se da Vila Cidade de Deus, lembrem-se das vilas carentes das Zonas Sul e Norte da nossa Capital, lembrem-se das vidas miseráveis que vivem os moradores - se é que podemos dizer moradores -, ocupantes da Ilha Grande dos Marinheiros, que vivem sem água encanada, que vivem numa situação realmente indigna e tranqüilamente subumana e numa região tão próxima do Centro da nossa Capital. O que vemos, Srs. Vereadores, é uma verdadeira vergonha. Porque ontem, quando lá chegamos, sentimos um mau odor, uma coisa horrorosa. Parecia que não estávamos entrando numa comunidade e sim numa verdadeira pocilga. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

                                                                                                                              

O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, Sra. Vereadora, temos a satisfação de comunicar que estão presentes as pessoas que já havíamos anunciado anteriormente, que estão participando do Seminário Internacional sobre globalização, neoliberalismo e privatização.

 Está presente o ex-Ver. Raul Carrion, que está acompanhando a comitiva que está fazendo uma visita a esta Casa. Solicito ao Ver. Raul Carrion que integre a Mesa e faça a apresentação dos visitantes.

 

O SR. RAUL CARRION:  Quero, em primeiro lugar, cumprimentar os integrantes da Mesa, Ver. Clovis Ilgenfritz, Ver. Paulo Brum, os demais Vereadores presentes, alguns ex-colegas, outros novos valores nesta Casa, e saudar todos os funcionários presentes, pois sempre tivemos uma relação muito boa nesta Casa.

 Este Seminário está-se realizando desde segunda-feira. Todos os Vereadores receberam o convite para a abertura, onde vários se fizeram presentes. Outros, por compromissos,  não  puderam comparecer,  mas todos estão convidados para hoje à noite, quando haverá um debate muito importante sobre o Estado mínimo, reforma administrativa, reforma da previdência e privatização da saúde, quando estará presente o Prof. Dércio Garcia Munhoz, da Universidade de Brasília; a Dra. Jandira Fegali, da Comissão de Saúde, e o Dr. Raul Portanova, conhecido de todos aqui. Na tarde, será tratada a globalização e a agricultura e suas conseqüências, quando estará presente o João Pedro Stédile, do Movimento dos Sem Terra; Vilson Alba, da CUT Rural. Está também prevista a presença do ex-Secretário da Agricultura Jarbas Machado; do Diretor do Departamento de Sociologia da UFRGS, Dr. Divaldo Guerra.

O Seminário está contando com a presença de 17 palestrantes de fora do Estado, sendo sete do Exterior, dos quais quatro estão presentes hoje, fazendo esta visita. Começo apresentando o Economista Prof. José Cademartori, que foi Ministro de Economia do Chile, em 1973, e é hoje Presidente do Instituto Alexandre Lipsch. Temos também, do Chile, a presença do companheiro Miguel Soliz, que é Presidente Nacional da Confederação dos Trabalhadores da Construção Civil e membro da Central Única dos Trabalhadores do Chile, que irá falar na sexta-feira, à noite, junto com outros debatedores, sobre a questão do trabalho, desemprego, desregulamentação etc. Temos também presente o Professor Dr. Ignácio Soza, da Universidade Nacional Autônoma do México, com diversos livros e publicações, e o Economista Roberto Feletti, do Instituto IDEC e da Central dos Trabalhadores da Argentina, que vieram dar esse apoio ao Seminário e fazer esta visita à Câmara.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Eu agradeço e digo ainda aos nossos colegas, conforme comentamos anteriormente, que a Câmara participa desse Seminário. Ontem, inclusive, o debate que aconteceu com o painel sobre privatizações no Brasil, que se estendeu das 19h às 23h30min, com mais de 500 pessoas, foi interessantíssimo, e à Câmara foi dada a condição de moderadora do painel. Então, estive presente. E alguns Vereadores estão freqüentando, como os Vereadores Pedro Américo Leal, Adeli Sell, Antonio Losada e, mais assiduamente, o Ver. Guilherme Barbosa. Também a nossa Diretora Legislativa, a Inês, e o Pedro têm freqüentado o Seminário. A colaboração material da Câmara é muito restrita, e estamos fazendo as gravações.

Pediria ao Ver. Guilherme Barbosa para que nos represente, fazendo uma rápida saudação aos nossos visitantes.

 

O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nosso ex-Vereador, mas de marcante presença nesta Casa, Ver. Raul Carrion; nossos convidados - Dr. José Cademartori, Ignácio Soza, Roberto Feletti e Miguel Soliz, além da Valéria, que acompanha os convidados. Qualquer cidadão de Porto Alegre ou do nosso País, até mesmo do mundo, sabe que está estabelecido em todo o nosso planeta um debate de fundo sobre que rumos a economia mundial e as organizações estatais devem seguir. E sabemos também que o que se chama de neoliberalismo e de globalização da economia é uma realidade que tem sido propagandeada, vendida como  a única alternativa possível e que, portanto,  não haveria saída fora dela. E vemos também que em lugares importantes do mundo, no chamado primeiro mundo, inclusive, inicialmente na Inglaterra, depois na França, agora com uma eleição também muito significativa no México,  essa afirmação começa a ser fortemente questionada e abalada. Portanto, acho que a iniciativa, que teve uma gama enorme de entidades, dá ao Seminário um respaldo técnico e político fundamental a partir da própria Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A Prefeitura, a Câmara Municipal, a Assembléia Legislativa  têm feito desse Seminário um destaque na qualidade dos seus debates e do seu conteúdo.

Em nome da população de Porto Alegre, em nome, principalmente, da Mesa Diretora da Câmara, eu quero saudá-los pela presença, cumprimentá-los pelas informações, idéias e conteúdo que estão trazendo porque, com certeza, isso nos fará, a todos, avançarmos. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Economista José Cademartori, ex-Ministro da Economia do Chile.

 

O SR. JOSÉ CADEMARTORI: Estimados amigos, é um prazer para nós estarmos aqui, esta manhã. Sinto também bastante emoção porque desde cedo nós temos seguido a evolução do processo de luta pela democracia no Brasil,  em muitos aspectos um exemplo para nós a participação do povo em grande decisões neste País, nos últimos anos. Recordo da luta pela Constituição com grande interesse e emoção porque mostrou grandes avanços, que nós estamos muito perto de alcançar no Chile, apesar de que, em outra época, tivemos também uma Constituição democrática. Observamos, com muito interesse,  os processos novos que se desenvolvem no Brasil, como, por exemplo, este, da Câmara Municipal de Porto Alegre, de que muito pouco sabemos. Interessam-nos detalhes. Queremos saber mais dessa experiência em matéria de participação da população nas decisões municipais, que vocês chamam de Orçamento Participativo. Tudo isso nos chama muito a atenção, interessa muito aos chilenos, nos atrai muito a luta do povo brasileiro para construir uma democracia mais avançada. De maneira que estamos muito contentes por termos participado do Seminário e pela oportunidade de conhecer Porto Alegre. Aproveitaremos para colher mais informações a respeito do trabalho do Município. Estamos também muito contentes em saber que Porto Alegre será a sede para a realização do Fórum São Paulo, que será um evento de extraordinária importância para o povo da América Latina.

Agradeço muito pela hospitalidade com que fomos brindados, todos nós que participamos do Seminário. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Mandamos separar um pequeno “recuerdo” de Porto Alegre. Convido a todos para passarmos ao gabinete, quando farei a entrega do mesmo. Mais uma vez quero dizer da nossa enorme satisfação em recebê-los. De fato, como falou o ex-Ministro Cademartori, nós estamos lutando pela democracia. Nada mais importante neste fim de século, quando as populações estão submetidas a interesses que não são seus, que se busquem, através da participação, da democratização em especial do aparelho do Estado, as soluções para as populações. O que não pode acontecer é continuar como está. Esse Seminário, eu, que estou participando, Ver. Luiz Braz, estou sentindo o quanto é útil e importante. Algumas pessoas  poderão pensar que o Seminário é feito pela esquerda; sim, os que estão interessados em fazer algum movimento nesse sentido. Agora, ele é aberto e tem uma participação efetiva de vários setores não identificados exatamente com políticas partidárias e entidades que estão promovendo o encontro.  Por isso ele extrapola o interesse de um grupo, e é de interesse local e nacional.

Estamos gravando e vamos reproduzir, em comum acordo, com a colaboração de todas as entidades, esse material. Sinceramente, aconselho as pessoas a fazerem uso desse material. Algumas questões que transitam entre nós no discurso do dia-a-dia estão sendo esclarecidas, inclusive problemas conceituais. Há, muitas vezes, confusão entre globalização, neoliberalismo, como as coisas funcionam, onde funcionam, quais os países estão adotando tais e tais tipos de orientação, quais os que estão fora dessa orientação e estão tendo um progresso muito maior neste momento etc. Acho importantíssimo. Se quisermos, através da discussão, por mais acirrada que seja, construir uma sociedade, temos que fazer esse contraditório. Temos que esclarecer as pessoas e não podemos mais ficar apáticos, porque a falta de solução dos problemas sociais dos governos tem sido o maior problema para a nossa sociedade. Não têm solução. Agravam-se os problemas, os conflitos e, depois, as coisas ficam na base da lamentação.

Hoje, estamos vendo, naquele Seminário, as experiências do Chile, da Argentina, do México e de outros países de todo o mundo, que são absolutamente importantes, como as que estão acontecendo na Europa - na Inglaterra, na França, principalmente -, para o nosso dia-a-dia, para podermos apontar rumos para o novo milênio.

A Vera.  Anamaria Negroni está com a palavra em nome da Bancada do PSDB.

 

A SRA. ANAMARIA NEGRONI: Para nós, brasileiros, é uma honra e também uma alegria recebê-los aqui. Desta Vereadora e representante da Bancada do PSDB  recebam o  carinho e o respeito pela suas presenças. Para nós, é uma pena não podermos participar deste Seminário que ocorre sobre a globalização e neoliberalismo,  porque nos parece que está muito sectarizado, muito esquerda. Gostaríamos de participar se fosse  mais democrático, se as pessoas com outras posições tivessem sido convidadas a participar. Para nós é realmente lastimável.  Então,  deixamos para saber o acontecido pela mídia, pelos jornais. Uma outra vez, gostaríamos que Porto Alegre tivesse  um seminário como este, mas de uma forma mais democrática. Muito obrigada.

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa, apenas por dever de ofício, em nome de toda a Câmara, quer desculpar-se no sentido de que as palavras colocadas pela Vereadora o foram só por motivo de desinformação da Vereadora, que muito respeitamos, mas com a qual não podemos concordar. Quero dizer que não estaríamos participando de uma política se não fosse democrática, e isso foi passado pela Mesa e por todos os setores. Não estamos aqui levantando essa questão. Podemos até fazer uma discussão mais aprofundada. Em princípio, estamos apoiando. Não estamos perguntando a cor, mas sim o conteúdo e a necessidade de discutir.

Mais uma vez quero agradecer a presença de todos.

Vamos suspender a Reunião por alguns minutos para as despedidas.

 

(Suspendem-se os trabalhos às12h06min.)

 

O SR. PRESIDENTE (às 12h09min): Estão reabertos os trabalhos. Não há quórum.

 

(Encerra-se a Reunião às 12h09min.)

 

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